Lazzaro, eu?
- gabriel miranda
- Feb 1, 2022
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Updated: Feb 8, 2022
Sabe essas coisas? Às vezes a gente tem medo de falar nosso nome pra um estranho, mas acaba falando tudo sobre a gente de uma vez. Não, não precisa me falar tudo sobre você, queria só saber o nome, conversar, me distrair. Hahah. O meu?
Eu to querendo mudar de nome, ainda não decidi qual usar. O que você acha de Lazaro? Sim, o homem que Jesus ressuscitou. O Homem que morreu e que voltou. Dramático, né? Morrer e voltar, imagina? Que merda.
Eu na verdade fico numa noia, imaginando quem são as pessoas que passam por mim, sabe? Aquela coisa bem clichê, crio histórias pras pessoas que eu não conheço. É porque na verdade, o que eu sabia fazer eu já não faço mais. É... Eu jogava bola. Sério! Sim, previsível. Mas eu era bom. Eu era muito bom! Não tão bom pra ser jogador. No Brasil, sabe como é? Cada esquina tem um filho da puta de um craque. E eu sempre com medo. Fiz meu nome, fiz meu nome, isso é certo. Tem uma galera aí que se você perguntar, vai lembrar do que eu fazia. Mas era foda. Conheci arte, fumei maconha, fiz sexo. Entendeu? Futebol é bom, é foda, mas porra, já fez sexo? Já tomou um ácido e fez sexo?
Hoje em dia eu não jogo bola nem fumo maconha, que dirá tomar ácido antes de transar. Meu joelho. É, tive que operar, aí não deu certo, aí tinha que operar de novo... E sabe como é né? Medo. Medo pra caralho. Prefiro não arriscar. Em nada.
Então é isso, eu escrevo, de vez em quando. Penso histórias sobre as pessoas, tipo você assim, e escrevo. Às vezes. Sim, há oito anos, mas sempre de vez em quando. Claro que tenho aqui. Mas eu nunca mostrava as coisas que eu faço. Exatamente, medo. É que eu acho tudo uma merda, tenho vergonha. E não é nada demais, mesmo. As coisas que eu escrevo, ué. Mas também sou pouco confiante. Muito pouco. Tem até gente que já leu. Mas pessoas que eu conheço, que me conhecem. Claro né. Ah, dizem que gostam. Eles sabem que eu devia ter sido jogador de futebol. Talvez eu não fosse frustrado. E dava pra fumar maconha depois de aposentar, né? Foda, a adolescência é foda. Comecei cedo demais a fumar maconha, a gostar de arte. Me fodi. Mas assim, nada demais também. É o que eu posso fazer. É o que podem fazer por mim. Cada um faz o que pode, né?
Aí foi assim. Falando esse tipo de coisa com o cara lá, meu psicólogo. Francisco. Francisco é o nome dele. Psicologia é louco né, o cara me viu 4 ou 5 vezes e já me decifrou. Sim, não sou dos mais misteriosos. Mas ele me ouviu e falou, “pô, você é muito medroso, você tem que se mostrar mais pro mundo.” Aí até deu vontade, sabe? Pensei, porra, foda-se, né? Não tenho nada a perder. Talvez perca o medo. Olha só. Isso já vai ser do caralho. Aí talvez eu possa até desistir, sem me frustrar.
Impossível né? A frustração é a única certeza da vida. Puta que pariu. Mas talvez eu perceba que eu não escrevo melhor do que qualquer um que se propõe a isso. Aí, tudo bem, né? Quem sabe eu sou um bom, sei lá, qualquer outra coisa. Cria uma história pra mim aí! Hahaha.
Enfim. Leia. De repente depois te mando outros textos, outros tipos de texto. Aí você diz se gostou, se tem alguma outra ideia pra minha vida. Estou aberto a sugestões.
Lazzaro Felice, 01/02/2022
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